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As pessoas estão escravizadas pelo trabalho

Com esta frase, o Médico do Trabalho Dr. Roberto Ruiz iniciou a última palestra do 10º Fórum Sindical Sul Têxtil na tarde desta terça-feira (12). Doutor Roberto é militante e parceiro da Fetiesc, escreve livros, cartilhas, artigos sobre doenças e acidentes de trabalho e é Médico do Trabalho do Sindicato dos Trabalhadores em Indústrias de Carnes e Derivados de Chapecó (Sitracarnes). Em sua fala faz uma reflexão sobre o porquê estamos aqui neste mundo “para quê viemos para este mundo? Somente para trabalhar? Há coisas muito boas e coisas muito ruins também. Temos que lembrar que o trabalho não é para se matar ou para perder a vida e a saúde”.

Os trabalhadores passam o maior tempo do seu dia no local de trabalho, muitas vezes trabalham por horas sem pausas, com metas a serem cumpridas e prazos extremamente curtos. Juntamente com o ritmo acelerado de trabalho aparecem as lesões por esforços repetitivos (LER) e as Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), que podem ser evitados como aponta Roberto “se quiser resolver o problema lá na fábrica tem que conhecer o risco e avisar os trabalhadores e trabalhadoras sobre eles e onde estão” e lembra que algumas entidades tem o poder de atuar na prevenção de doenças e acidentes de trabalho “muitas vezes os trabalhadores não conseguem detectar os riscos, por isso, algumas entidades podem apoiar os trabalhadores, como a fiscalização atuante de Cerest´s e subdelegacias do Ministério do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho, o judiciário e o movimento social organizado e sindical”.

Muitas pessoas acreditam que usar equipamentos de proteção individual (EPI), evita qualquer tipo de doença ou acidente de trabalho, mas o EPI tem eficácia – sem bem colocado – de 50%. Roberto comenta que a efetividade do Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) é maior por tratar-se de todo dispositivo ou sistema de âmbito coletivo, destinado à preservação da integridade física e da saúde dos trabalhadores, assim como a de terceiros. São exemplos de EPC a sinalização de segurança, proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, corrimão de escadas, capelas químicas.

É preciso eliminar os riscos da indústria para que os trabalhadores (as) não sofram mais acidentes e doenças de trabalho. Existem três tópicos que podem colaborar com o aumento de acidentes e doenças do trabalho, são eles: falta de informação, falta de programas de atendimento, falta de intervenção onde o risco é gerado e prejudica a saúde. O palestrante ainda lembra que doenças e acidentes de trabalho não são hereditários nem genéticos, são um risco externo. Ainda comenta sobre a falta de políticas públicas voltadas à saúde do trabalhador “ainda temos que lutar por mais leis que protejam a vida do trabalhador, temos que ocupar os espaços políticos, pois quem não gosta de política é governado por quem gosta”.

Imprensa Fetiesc

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