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MEMÓRIA: Cleoci Machado relembra o pioneirismo da FETIESC na criação da Secretaria da Mulher Trabalhadora

Seu testemunho revela que todas as conquistas acumuladas neste período são fruto de um antigo sonho que começou com três mulheres ousadas que não se esquivaram de um trabalho muito árduo e de muita persistência 

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Depois de três décadas em que iniciou a Escola de Formação Sindical a professora Cleoci Aparecida Machado retornou à sede da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina (FETIESC), em Itapema, para participar do grupo de conversa e resgate histórico da Secretaria da Mulher da federação, criado em 1996.

O evento aconteceu durante toda a quarta-feira (23/10), reunindo dirigentes sindicais das entidades associadas à federação, dentre as quais algumas pioneiras da Secretaria da Mulher, como Zeli da Silva e Rosane Sasse, que em 1996 foram parceiras de Cleoci no engajamento do movimento sindical às causas das mulheres trabalhadoras. 

Durante a sua passagem pela FETIESC, Cleoci relatou as dificuldades para a criação do então Departamento da Mulher, que mais tarde seria transformado em secretaria. 

Antes disso, em 1990, ela foi convidada pelo presidente Idemar Antonio Martini para ingressar nos quadros da FETIESC com a missão de criar a Escola de Formação Sindical. Naquele ano era eleita a primeira diretoria da federação que contava com a participação de três mulheres nos quadros. Antes disso apenas em 1972 é que a sindicalista Renilda Farias, de Jaraguá do Sul, havia tido essa oportunidade. A FETIESC havia sido criada 20 anos antes, em 1952.

Na gestão seguinte, em 1996, quando a Escola já dava os seus primeiros passos e a nova Diretoria da federação foi eleita com a participação de três mulheres, Cleoci viu a oportunidade de reunir essas três diretoras ainda na cerimônia de posse, para desafiá-las a criar o Departamento da Mulher. “Conversamos com o Martini que nos deu carta branca para trabalhar. Começamos fazendo as reuniões nos sindicatos, mas foi muito difícil porque eles tinham resistência. Fomos devagarinho e em cada sindicato eu e a Euzi, a Rosane e a Marli fomos fazendo reuniões com as mulheres trabalhadoras”, relembra.

Além da organização das mulheres em cada sindicato associado à federação, Cleoci e suas companheiras criaram o coletivo das mulheres que se reunia periodicamente em Itapema, na sede da federação, com encontros festivos e de formação que levaram as mulheres a refletirem sobre suas realidades. E assim, com muita resistência e dificuldades, o Departamento da mulher começou a ganhar força! “Nos encontros que realizamos as mulheres eram muito acolhidas, e pautávamos assuntos que tinham a ver com elas, como problemas com a educação dos filhos, drogas, baixa autoestima, até chegarmos a discutir a questão da violência e dos direitos das mulheres”, relembra. 

Das pequenas reuniões pelos sindicatos espalhados pelo Estado, a FETIESC assumiu o protagonismo em nível nacional ao se tornar a primeira federação a realizar o 1º Seminário Sobre as Relações Homem e Mulher, em 1997. Naquela oportunidade se comemorava o 1º aniversário do Departamento da Mulher da federação, de onde surgiu o Coletivo Estadual das Mulheres Trabalhadoras, com representantes de todos os sindicatos. Em 2024 o Encontro Estadual da Mulher Trabalhadora da FETIESC atingiu a sua 22ª edição.  “Todo esse avanço teve muita resistência dos sindicatos”, afirma ela, lembrando que alguns encontros não passavam de seis mulheres.  

Em 2000, o movimento das mulheres conseguiu garantir na mudança estatutária da FETIESC que 30% dos cargos da diretoria fossem reservados às mulheres, feito tido como histórico para o movimento sindical daquela época, marcado pelo machismo e o preconceito contra a inserção da mulher no movimento. 

Ao fazer esse resgate histórico diante de suas antigas companheiras e também frente às novas gerações que se inserem no movimento sindical, Cleoci avalia que atualmente os problemas das mulheres continuam sendo os mesmos do século passado, como é o caso da violência, da discriminação, e da baixa autoestima. “Esses desafios continuam sendo os mesmos e a gente precisa continuar trabalhando e atingindo as mulheres de forma bastante efetiva. A gente tem que se reinventar, incorporando mais gente ao nosso movimento e esse é um desafio constante”, analisa. 

Tanto a participação quanto o compartilhamento das memórias de Cleusi com as mulheres que se mantêm nos sindicatos,  aproximou a criadora de sua criatura: a Secretaria da Mulher Trabalhadora da FETIESC. Seu testemunho revela que todas as conquistas acumuladas neste período são fruto de um antigo sonho que começou com três mulheres ousadas que não se esquivaram de um trabalho muito árduo e de muita persistência.  

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Imprensa Fetiesc

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