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MEMÓRIA: “Minha mãe precisou engatinhar para eu estar voando hoje!”

Conheça a história de Simone Alves da Silva, uma trabalhadora que viu sua vida transformada pelo movimento sindical

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O poder de transformação de vidas que há no movimento sindical e na união da classe trabalhadora talvez tenha sido a lição maior do encontro realizado nesta quarta-feira (23/10), em Itapema, quando a Secretaria da Mulher da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina (FETIESC) promoveu uma roda de conversa entre dirigentes sindicais.

Na ocasião, a jovem Simone Alves da Silva, do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Fiação de Joinville, emocionou todas as participantes ao relembrar a história de sua mãe e o envolvimento dela com o movimento sindical. 

Conta ela que, ainda no século passado, em 1998, sua mãe trabalha em um indústria de Joinville e era associada ao  Sindicato dos Plásticos. Casada e mãe de cinco filhas, sua mãe aceitou o convite para participar do 2º Encontro da Mulher Trabalhadora da FETIESC, que naquele ano era realizado com o tema:  “Mulher, Sociedade e Política”.

Mesmo contrariada pelo seu marido, aquela trabalhadora industriária não teve medo e viajou até Itapema para não apenas assistir às palestras, mas também para ver as ondas do mar pela primeira vez, algo que inicialmente lhe assustou.

“Ela conheceu o mar e ficava nas palestras ouvindo as ondas do mar e tinha medo que o mar invadisse o auditório”, relembra a filha. 

Simone garante que a mãe retornou transformada pela participação no evento no movimento sindical. Ela lembra que aquela mulher submissa às ordens do marido, voltou para casa dizendo:

“Eu vou aprender a ser gente porque eu tenho cinco filhas mulheres e eu vou ensinar elas a serem mulher de verdade”.

Na época, ainda criança, ao escutar sua mãe Simone passou a sonhar em poder começar trabalhar para um dia poder ir naquele mesmo lugar que a sua mãe havia ido e voltara transformada. 

Passou o tempo e, em 2005, já com 18 anos de idade, Simone começou a trabalhar em uma indústria de Joinville. Ela lembra que a primeira coisa que fez depois de ter passado pelo período de experiência foi se associar ao sindicato da categoria.  

Tempo depois ao participar das assembleias e atividades do sindicato sua vida se cruzou com a da presidente Rainilda Kindlein, do Sinditex de Joinville, a quem manifestou o desejo de poder ir no lugar em que anos atrás sua mãe tinha ido: na Fetiesc em Itapema. Após isso, foi em 2010 que Simone teve o seu sonho realizado. Naquele ano a FETIESC realizava o seu 11º Encontro da Mulher Trabalhadora, com o tema “Lugar de mulher é em todo o lugar” e a convite de  Rainilda, Simone teve a chance de pisar no mesmo “solo sagrado” que sua mãe tinha estado uma década antes. 

“Quando eu vim, vi toda a grandeza que era aquele evento! Era uma mulherada vestida de lilás! Foi um encontro incrível e  ficou nas minhas memórias!”, relembra emocionada.  

Ao lembrar da importância da transformação que aquele encontro de 1998 causou em sua mãe e que se reflete em sua própria vida, hoje Simone diz que foi depois daquele momento que a sua mãe ensinou tanto a ela quanto para as suas quatro irmãs a se imporem. “Nenhuma delas passam o que a minha mãe já passou com o meu pai!”, desabafa ela, lembrando que sua mãe sempre diz que na vida: “Tudo valeu a pena, mas principalmente ter ensinado as filhas a serem mulheres de verdade!”.

Essa transformação relatada por Simone é fruto da união da classe trabalhadora. Hoje ela diz não saber mensurar o orgulho que sua mãe sente ao vê-la estar de volta em Itapema participando dessa construção histórica em meio a tantas mulheres importantes e experientes.

“Minha mãe precisou engatinhar para que eu pudesse estar voando hoje. Sou grata ao movimento sindical por tudo isso!”, finaliza.

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Imprensa Fetiesc

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