Durante sua palestra a vereadora de Porto Alegre, Abigail Pereira, denunciou a precariedade a que a mulher trabalhadora é submetida
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O segundo dia do 16º Fórum Sindical Sul (FSS 2024), que acontece em Nova Petrópolis (RS), iniciou nesta terça-feira (05/11), no auditório do Hotel Alles Berg, com a palestra da vereadora de Porto Alegre, Abigail Pereira (PCdoB-RS), que atualmente também ocupa a função de Procuradora especial da Mulher da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Pedagoga e militante do movimento sindical por mais de 20 anos, Abigail fez uma retrospectiva histórica sobre as conquistas das mulheres brasileiras nos últimos séculos, desde a conquista do direito de estudar, em 1879, perpassando pelas grandes conquistas com a promulgação da Constituição Federal de 1988 quando a mulher brasileira deixou de ser encarada como um objeto para se transformar em um sujeito; até as conquistas mais contemporâneas, como o direito às cotas na legislação, a própria Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio e, inclusive, a eleição de uma mulher como Presidenta do Brasil.
Mesmo diante todos esses avanços, segundo Abigail, o impacto dos fatos na vida das mulheres é superior do que na dos homens, isso porque o mundo atribui às mulheres o papel de serem cuidadoras (dos pais, do esposo, dos filhos, etc.) e essa atribuição faz com que adoeçam, justamente pela sobrecarga de trabalho, dividido entre os afazeres de casa com os da empresa.
Tal situação, conforme ela, foi acentuada pela famigerada Reforma Trabalhista de 2017, que na sua avaliação atingiu muito mais as mulheres, isso porque à elas são reservadas as funções mais precarizadas, fazendo trabalho intermitente e temporário, além de serem vítimas constantes tanto do assédio moral quanto do sexual. A isso ela denuncia:
“A pobreza tem o rosto das mulheres trabalhadoras: terceirizadas, precarizadas, intermitentes e mais vulneráveis no mercado de trabalho”.
NOVA AGENDA – No seu encontro com centenas de sindicalistas, de diversos Estados, Abigail Pereira relembrou a recente passagem do ex-ministro da economia Paulo Guedes pelo Rio Grande do Sul, quando na oportunidade – celebrando o avanço do conservadorismo tanto na Europa quanto na América – ele defendeu o fim dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, por meio da extinção de todos os direitos como férias e 13º salário, por exemplo.
Diante essa ameaça que avança, Abigail chamou a atenção de todos os dirigentes sindicais para a premente necessidade de se convocar homens e mulheres para estabelecer uma nova agenda de lutas que mobilize toda a classe trabalhadora.
Como sugestão, ela indica que esta nova agenda tenha como pauta principal a redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais, ou seja, 8 horas durante 4 dias da semana, sem redução do salário
. “Este é o tempo para termos tempo para a família, para a cultura e nos divertir. Queremos emprego e trabalho para ter uma vida digna! Não vivemos para o trabalho, precisamos inverter essa pauta!”, destacou.
Outra bandeira de luta a ser incorporada pelo sindicalismo laboral brasileiro destacada por Abigail é o engajamento de todos contra toda espécie de violência. Conforme estatísticas por ela apresentadas, atualmente, a cada duas horas, uma brasileira é assassinada; a cada dois minutos, uma é espancada; a cada uma hora, 503 são vítimas de agressão e a cada 11 minutos, uma é estuprada.
“Isso é barbárie! Quem se levanta contra essa situação? Isso foi naturalizado e nos desumaniza. Precisamos nos atentar de que a vida é o bem maior,”
denunciou Abigail ao destacar que números indicam que o índice de sindicalização de mulher tem subido, e isso se dá pelo fato de ela ver o sindicato como um instrumento de defesa dos seus direitos.
A edição do FSS 2024 tem como tema “União e defesa do sistema confederativo e da unicidade sindical” e segue até amanhã (06/11), com palestras e debates sobre diferentes temas que convergem com os interesses da classe trabalhadora.
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