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FSS 2024: Eleição de Trump e avanço da direita pauta os debates do último dia do Fórum Sindical Sul

Na manhã desta quarta-feira, o técnico do DIAP, André Luis dos Santos, fez uma análise da conjuntura atual

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O último dia do 16º Fórum Sindical Sul (FSS 2024) que acontece desde a última segunda-feira no auditório do Hotel Alles Berg, em Nova Petrópolis (RS), iniciou nesta quarta-feira (09/11) com a palestra do técnico do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), André Luis dos Santos, o qual fez uma análise da conjuntura nacional para centenas de dirigentes sindicais e trabalhadores. 

O anúncio da vitória de Trump nas eleições do Estados Unidos, pavimentando a volta da extrema-direita à presidência da maior potência, não passou despercebido da análise apresentada por André Luis que acredita que o comportamento do novo presidente não será tão radical como foi no primeiro mandato, no entanto, mesmo assim, vê a possibilidade de  o bolsonarismo colher os frutos da eleição norte- americana para ocupar espaços de poder de forma ainda mais incisiva nas eleições que acontecerão no Brasil, em 2026, repetindo o feito de outubro recente quando os partidos de centro-direita (como PSD, MDB, PL e PP) saíram das urnas como os grandes vencedores. 

“O recado das urnas é que a polarização não agrada boa parte da população brasileira que acabou optando por candidatos mais moderados, dentro de uma perspectiva de que é mais para o diálogo do que para a agressão”, avalia o pesquisador, com base nos resultados das eleições municipais de outubro. 

Nas planilhas apresentadas por André Luis, evidencia-se que políticos tradicionais venceram a disputa.  Entre cerca de 3 mil prefeitos candidatos à reeleição, mais de 80% foram reeleitos, sendo que grande parte  deles foram bancados por meio das ‘emendas PIX’ encaminhadas pelos parlamentares que  “Injetaram na perspectiva de reeleição como troca de apoio para eleição em 2026”. 

Com tal situação, para as eleições de 2026 a possibilidade de reeleição na Câmara e no Senado é alta, com baixa possibilidade de renovação e a perspectiva de que tanto a direita quanto a extrema direita tomem mais espaço no Congresso Nacional, sobretudo no Senado, que é onde conseguirão viabilizar o impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal. 

Diante desta conjuntura, André Luis elenca alguns desafios do Governo Lula para os próximos dois anos em três esferas: econômica, política e social. No campo da economia está a regulamentação da Reforma Tributária; o cumprimento do novo arcabouço fiscal; e o controle das taxas de juros, que deverão ser impactadas negativamente com a eleição de Trump. 

Já na esfera política o desafio está na construção e manutenção de uma base de apoio no Congresso; a crise institucional; além das eleições da presidência da Câmara de Deputados e do Senado Federal. Por fim, no campo social, destacou a necessidade de o Governo Federal retomar a confiança do povo; pacificar a sociedade e melhorar a distribuição de renda com geração de emprego. 

Reflexo de uma construção social, André Luis avalia que atualmente a população se sente mais indivíduo do que cidadão, ou seja, que cada vez pensa mais em si próprio do que no próximo. Diante desse descompasso, afirma ser preciso

“desmistificar essa individualidade que está impregnada na sociedade, cabendo ao movimento sindical repensar essa relação, para atrair essa geração criada num ambiente individualista”.

Dentre as alternativas para reverter esse fato ele recomenda a importância de se resgatar a formação dos trabalhadores e dirigentes sindicais, abandonada nos últimos tempos. “Esse contato é necessário para que crie um sentimento de classe. A falta de comunicação e percepção da relação de classes, leva o trabalhador a votar no patrão”, salienta

Outro impacto da convulsão social que afeta o povo brasileiro é que atualmente a pauta econômica não serve mais para balizar a avaliação do governo. Prova disso é que o atual Governo do Presidente Lula está com bons indicadores econômicos que não refletem na avaliação feita pela população que está mais preocupada com a pauta moral e dos bons costumes. Esse fenômeno se deve ao fato de que “A sociedade atual substituiu a pauta econômica pela pauta de costumes. Com a resolução de pontos pontuais da sociedade como a miséria e a fome, houve um deslocamento das preocupações que antes eram emprego, salário e  manutenção dos direitos. Agora está num campo mais ideológico relacionado ao dia a dia deles como banheiro unissex, fechamento de igrejas, aborto, etc”, explica. 

A tarefa central do movimento sindical é furar a bolha da dominação ideológica, fazer formação política, comunicação social e reorganizar a base.

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Imprensa Fetiesc

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