A voz de Biga Pereira ecoou como um grito de mobilização para que a igualdade de gênero seja não apenas discutida, mas efetivamente implementada nas políticas trabalhistas e sociais do país.
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No último sábado (29/03), Itapema sediou o 23º Encontro das Mulheres Trabalhadoras, organizado pela Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina (FETIESC), que reuniu centenas de mulheres de diferentes regiões do estado para debater o tema ‘A condição da mulher na sociedade’. O destaque do evento foi a palestra de Abigail Pereira, conhecida carinhosamente como Biga, cuja análise histórica e social capturou a atenção e o coração de todas as presentes.
Biga conduziu as participantes por uma viagem no tempo, destacando a transição sociocultural de uma sociedade originalmente matriarcal para a atual estrutura patriarcal, onde o poder e o trabalho foram historicamente centralizados nos homens. Essa condição relegou as mulheres a um papel de mão-de-obra de reserva, frequentemente as últimas a serem contratadas e as primeiras a serem dispensadas em tempos de crise econômica.
A palestrante enfatizou que os direitos das mulheres trabalhadoras no Brasil foram conquistados arduamente, especialmente durante os períodos democráticos. “Lutamos para ter o direito de estudar e hoje somos maioria nas universidades. A luta pelo direito ao voto foi árdua; em 1932, apenas mulheres casadas, com permissão dos maridos, ou solteiras com independência financeira podiam votar”, relembrou Biga, evidenciando o progresso e os desafios que ainda persistem.
Biga também abordou a complexa função atribuída às mulheres como cuidadoras, ressaltando a falta de suporte e reconhecimento que recebem. A pandemia de COVID-19 foi um exemplo crítico, com as mulheres assumindo a linha de frente nos cuidados, tanto em casa quanto nos serviços de saúde, sem o devido respaldo social.
A questão da violência contra a mulher foi abordada com veemência por Biga, que destacou o alarmante fato de o Brasil ocupar a quinta posição no ranking mundial de feminicídios. “A violência não é fruto de ciúmes, mas de uma reafirmação de posse e dominação por parte dos homens”, denunciou. Ela também trouxe à tona dados chocantes sobre estupro em Santa Catarina, que liderou os registros de casos em 2024, principalmente aqueles cometidos por familiares.
A palestra de Biga foi marcada por um chamado à consciência e à transformação. “Precisamos reconhecer quem somos, o espaço que ocupamos e aonde queremos chegar. Queremos homens e mulheres que vejam uns aos outros como iguais em direitos e dignidade”, afirmou, fazendo alusão ao sucesso do filme brasileiro no Oscar, como um reflexo da resistência e força da mulher brasileira.
Para Biga, a redução da jornada de trabalho deve ser a nova bandeira do movimento sindical, uma medida que poderia levar a uma vida mais equilibrada e feliz para ambos os gêneros, reduzindo o estresse, a fadiga e abrindo mais oportunidades de emprego. “A vida tem que ser além do trabalho”, concluiu, deixando um legado de reflexão e esperança para as mulheres trabalhadoras que se reuniram em Itapema.
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