A reflexão proposta por ele visa reacender a utopia sindicalista, que é lutar por um mundo onde os direitos coletivos prevaleçam sobre o individualismo exacerbado
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O segundo dia da 17ª edição do Fórum Sindical Sul (FSS-2025) foi marcado por uma análise da conjuntura política e econômica brasileira e mundial, conduzida pelo deputado federal catarinense Pedro Uczai. O evento, realizado em Cianorte (PR), reúne centenas de trabalhadores, trabalhadoras e dirigentes sindicais dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro, que são considerados essenciais para o entendimento e ação no atual cenário contemporâneo.
Pedro Uczai abordou temas cruciais que têm impactado o mundo do trabalho e a percepção dos trabalhadores sobre o movimento sindical. Segundo ele, há uma crise de legitimidade enfrentada pelos sindicatos, que muitos trabalhadores já não reconhecem como representantes eficazes de seus interesses, como ocorria em décadas passadas. Essa crise está intrinsecamente ligada ao processo de desmonte sindical promovido pela experiência neoliberal, que preconiza um Estado mínimo e a predominância do mercado nas relações econômicas e trabalhistas.
A ideologia neoliberal, conforme destacado por Uczai, tem precarizado e flexibilizado as relações de trabalho globalmente, incentivando uma mentalidade de empreendedorismo individual. “Estamos vendo a construção de uma ideologia onde cada um é empresário de si mesmo, sem a coletividade que sempre caracterizou a classe trabalhadora”, afirmou o deputado. Essa mudança tem levado à perda de uma perspectiva de direitos coletivos, como férias, proteção social, saúde e educação, em favor de uma visão individualista.
Uczai também fez uma crítica contundente à incorporação da ideologia das classes dominantes pelo movimento sindical e à transformação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em sinônimo de problemas e maldições, quando antes era vista como um marco de proteção e direitos. “A CLT está se tornando um problema na visão de muitos trabalhadores, que agora buscam caminhos individuais em vez de lutar coletivamente por seus direitos”, disse ele.
Outro ponto levantado foi a influência das teologias da prosperidade e do domínio, que, aliadas à ideologia neoliberal, têm alimentado o individualismo e o extremismo político. “As teologias que antes defendiam um deus comunitário e o trabalhador estão sendo substituídas por um deus do empreendedorismo e do individualismo, o que fortalece a extrema-direita”, explicou Uczai.
As redes sociais e as big techs têm um papel significativo nessa transformação, individualizando ainda mais as pessoas e alimentando a polarização afetiva. “Essas plataformas vendem dados, influenciam decisões e criam uma polarização que desestrutura relações familiares e sociais, promovendo ódio e intolerância”, alertou o deputado. Ele ainda mencionou os impactos negativos do uso excessivo das redes sociais, como aumento da ansiedade, depressão e diminuição da qualidade do sono.
Apesar desse cenário desafiador, Uczai vê uma oportunidade para o movimento sindical. “A maioria ainda deseja a segurança da CLT, um salário digno e a possibilidade de se aposentar. Essas demandas podem unir os trabalhadores e revitalizar o movimento sindical”, afirmou. Ele conclamou os sindicalistas a cuidarem uns dos outros e a lutarem pela coletividade, reafirmando o valor de ser um líder que busca mudar a vida das pessoas com orgulho e decência.
Para enfrentar esses desafios, Uczai enfatiza a necessidade de autocrítica e compreensão das contradições atuais. “Precisamos entender essa nova realidade e as ideologias que a sustentam para reconquistar nosso espaço e legitimidade”, concluiu. A reflexão proposta por ele visa reacender a utopia sindicalista, que é lutar por um mundo onde os direitos coletivos prevaleçam sobre o individualismo exacerbado, e onde a vida do sindicalista, dedicada à defesa dos trabalhadores, continue a valer a pena.
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