
Miguelina Vecchio abordou os principais temas de interesse do público feminino, como saúde, combate à violência, política, sexualidade e mundo do trabalho. O Centro de Educação Sindical da Fetiesc esteve lotado e muitas mulheres assistiram a palestra através de dois telões instalados na parte externa do auditório. A palestrante destacou a importância da escola pública de qualidade, para se contrapor à escola privada, e criticou o que chama de sociedade erotizada: “Transar é a única coisa que pobre pode fazer sem pagar imposto”, ironizou, citando ainda uma contradição própria da sociedade atual. “Precisamos parar de fingir que vivemos em uma democracia, aqui, vagabundo é quem não trabalha e vagabunda é prostituta”, comparou.
Violência
Integrante da Executiva Nacional do PDT, Miguelina Vecchio criticou o direito à progressão de pena em caso de estupro não qualificado, e a sua negação, para os casos de sequestro e tráfico de drogas. “O estupro deixa marcas na vida da vítima e deve ser sempre um crime hediondo, sem direito à progressão, mesmo que não seja qualificado”, defendeu Miguelina. A palestrante considera que de nada adianta a construção de casas-abrigo às mulheres vítimas de violência, porque serão sempre em número insuficiente, e acha que “é preciso tratar o agressor”. Ela também se manifestou contrária à penalização do aborto: “As mulheres pobres e negras são as que morrem em decorrência de abortos em clínicas clandestinas, diariamente”, lembrou, fazendo questão de salientar que “o aborto não pode virar um método contraceptivo”, mas que é preciso “reconhecer o direito à mulher sobre o seu próprio corpo”.
Saúde e sexualidade
Miguelina advertiu sobre o novo pico nos casos de contaminação pelo vírus HIV, a partir do advento do Viagra: “Os homens de mais idade voltaram a fazer sexo extraconjugal com regularidade, sem qualquer prevenção, em muitos casos contaminando a própria esposa”, disse, conclamando o atento público à necessidade de cuidar do próprio corpo. “Não é possível admitir mulheres grávidas e que estejam ainda no ensino fundamental, precisamos urgentemente aprofundar o ensino da sexualidade na escola”, manifestou-se. Miguelina também citou o câncer de colo de reto como o de maior incidência, “o que mais mata mulheres no mundo”, e que precisa de urgente campanha, a exemplo do controle sobre o câncer de colo de útero e de mama.
Política
A disputa de espaço com o homem, dentro da política partidária, deve ser constante na vida das mulheres, enfatizou Miguelina Vecchio, ao lembrar que apenas 10% do Congresso Nacional é formado por mulheres. “Mas não podemos votar em mulher que seja contra as nossas principais lutas”, destacou, citando a ex-governadora do Rio Grande do Sul, Ieda Crusius, que manifestou-se contra a licença maternidade de 180 dias. “Na Noruega, a licença maternidade é de um ano e a licença paternidade, de três meses”, exemplificou a palestrante, que revelou: “Só voto em homem se for para cargo majoritário, do contrário, meu voto é sempre em mulher”, finalizou Miguelina. À tarde foi servido coquetel para as trabalhadoras presentes, com direito a show com a banda “Mimi e Bibi”.
Mulheres de liderança
A vice-presidente da Fetiesc, Rosane Sasse, assumiu o cargo interino de presidente da Federação, durante o 13º Encontro da Mulher Trabalhadora. “As mulheres têm capacidade maior do que imaginam e precisam ser donas das escolhas da vida”, defendeu Rosane. Já a presidente do Sindicato das Costureiras de Cianorte (PR), Margarete Marcos, destacou a força da união das mulheres: “Melhorando a vida das mulheres, estaremos melhorando a vida da sociedade”, disse a dirigente sindical do Paraná. A secretária da Mulher da Fetiesc, Elfi Hiller, fez um breve relato das ações da secretaria, que completa 15 anos de atividades, enfatizando como principal desafio o combate a todas as formas de violência contra as mulheres.





