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Comportamento da indústria brasileira em 2012 e perspectivas para 2013

O ano de 2012 não foi bom para a indústria brasileira. A produção da indústria de transformação caiu 2,7% com relação a 2011. Entre os meses do quarto trimestre percebe-se ainda uma queda em novembro, com relação a
outubro, e estabilidade entre os meses de dezembro e novembro, na série com ajuste sazonal.

Num estudo que analisa o desempenho da indústria considerando uma categorização quanto ao grau de intensidade tecnológica, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) apresentou para o ano de 2012: queda de 2,3% na indústria de baixa intensidade tecnológica; de 0,4% na de médiabaixa intensidade tecnológica; queda de 5,8% na produção da indústria de média-alta intensidade tecnológica; e queda de 1,5% na indústria de alta intensidade tecnológica.

A queda de 5,8% na produção da indústria de média-alta intensidade tecnológica é preocupante, para os pesquisadores, devido ao fato de esse tipo de indústria caracterizar-se pela formação de cadeias produtivas longas e assim esse resultado repercutir negativamente sobre os elos dessa cadeia. Segundo o estudo, as quedas registradas na produção das indústrias de média-baixa (0,4%) e de alta intensidade tecnológica (1,5%) não foi pior devido ao desempenho dos segmentos de produtos de petróleo e construção e reparação naval – puxado pela Petrobrás -, e aeronáutico – relacionado a Embraer -, respectivamente.

As causas para a retração da indústria são apontadas para a queda nas exportações e o aumento das importações, com destaque para as dificuldades impostas pelo bloqueio argentino sobre os produtos de média-alta intensidade tecnológica, o que teria gerado um déficit comercial recorde desse segmento no ano passado de 54,5 bilhões de dólares. No entanto, por trás da perda de competitividade nos diferentes segmentos da indústria pela intensidade tecnológica está a limitação do nível de investimentos. O Indicador Mensal de Investimentos (IMI), calculado pelo IBRE, deve registrar queda de 0,9% em 2012 de acordo com o instituto que prevê um crescimento do PIB de 0,9% para o mesmo ano.

Se por um lado, os indicadores de produção e investimentos do último trimestre de 2012 não evidenciam boas perspectivas para 2013, uma série de outros fatores ocorridos entre o final do ano passado e o mês de janeiro desse ano parecem representar boas perspectivas para o primeiro trimestre de 2013, como exemplo, a queda nos estoques de bens duráveis – apesar da manutenção percebida nos estoques de bens de capital, fato relacionado a queda de investimentos -, e a ampliação das consultas ao BNDES, motivadas pelo Programa de Sustentação do Investimento (PSI).

Assim, é esperado para janeiro de 2013 um crescimento na produção industrial entre 1% e 2% com relação a dezembro de 2012 na série com ajuste sazonal (os dados serão divulgados nos próximos dias). A queda do estoque de bens duráveis deve-se, sobretudo, a recuperação da indústria de automóveis e caminhões que tem no horizonte a retomada gradual da alíquota de IPI. De acordo com a série dessazonalizada pela Tendências Consultoria, em janeiro a produção de veículos cresceu 11,2%, as vendas cresceram 3,6% e o fluxo de veículos pesados nas rodovias subiu 3,8%, comparado com dezembro. Devido ao forte recuo da produção de caminhões em 2012, atribuído a adoção do padrão Euro 5 para motores, a fabricação desses veículos registrou alta de 269,5% em janeiro de 2013 com relação a janeiro de 2012. A Agrale teve nesse mesmo período de análise uma expansão de 126% no seu faturamento.

Outros segmentos comumente utilizados para análises sobre estimativas de crescimento, a expedição de papel ondulado registrou alta de 5% em janeiro com relação a dezembro (com ajuste sazonal) e a produção de aço plano cresceu 3,4% acompanhando o crescimento da demanda por chapas e folhas de aço que cresceu 5,9% em janeiro de 2013 com relação a janeiro de 2012, segundo o Instituto Nacional de Distribuidores de Aço (INDA).

Com relação a retomada dos investimentos para 2013, além do aumento das consultas ao BNDES no final de 2012, cabe destacar o aumento dos investimentos do governo em janeiro de 2013 com relação ao mesmo mês do
ano passado. Foram contabilizados no mês passado 9,6 bilhões de reais em investimentos, alta de 24,7%. Considerando apenas os desembolsos previstos no PAC, o total investido no mês foi 5,7 bilhões de reais, cifra 73,4% superior a registrada em janeiro de 2012. A excursão da equipe econômica do governo a Nova Iorque e Londres com vistas a conquistar investidores privados para obras de infraestrutura no país, cujas propostas de concessão passaram por revisão com aumento nas taxas de retorno que passaram a variar entre 10% e 16%, sinalizam também o comprometimento do governo em elevar as taxas de investimento para atingir o crescimento de 3% previsto para esse ano com qualidade.

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