José Reginaldo Inácio enfatizou que o verdadeiro movimento sindical deve ser um catalisador de cooperação solidária, acolhendo, organizando e transformando a realidade dos trabalhadores,
Clique aqui para seguir o canal do ‘Fetiesc Informa’ no WhatsApp
Na tarde desta sexta-feira, dia 27 de junho, o presidente da Confederação dos Trabalhadores nas Indústrias (CNTI), José Reginaldo Inácio, foi uma das figuras centrais na 17ª edição do Fórum Sindical Sul (FSS-2025), realizado em Cianorte (PR). Diante de uma plateia composta por centenas de trabalhadores e dirigentes sindicais, José Reginaldo iniciou sua palestra com uma reflexão sobre o momento atual do sindicalismo brasileiro e mundial, caracterizado por uma intensa guerra contra o sindicalismo laboral, onde o movimento sindical se encontra na trincheira mais frágil frente ao capital.
Reginaldo destacou a essência transformadora do sindicalismo, que através da ação coletiva, mobiliza sujeitos para colocar a sociedade em disputa e promover mudanças. “O movimento sindical representa a desordem coletiva da classe trabalhadora que se rebela contra a opressão”, afirmou. Ele contrastou essa visão com a ideia de uma classe trabalhadora omissa, que, por sua vez, acaba sendo representada pelos interesses patronais.
O presidente da CNTI enfatizou que o verdadeiro movimento sindical deve ser um catalisador de cooperação solidária, acolhendo, organizando e transformando a realidade dos trabalhadores, ao invés de perpetuar uma lógica de competição que exclui e destrói. “Precisamos nos estruturar estrategicamente para enfrentar um capitalismo paradoxal, onde qualquer ação em prol da classe trabalhadora parece resultar em consequências negativas para ela mesma”, refletiu.
Entre os desafios gerais enfrentados pelo movimento sindical, Reginaldo listou a perda de liberdade e autonomia devido à reforma trabalhista de 2017, que restringiu recursos e capacidade organizacional, a precarização do trabalho e erosão de direitos, além dos ataques estruturais legais, econômicos e culturais que ameaçam a existência do sindicalismo e exigem resistência e reorganização.
Conforme ele, um dos grandes desafios é o combate à desigualdade em todas as suas dimensões, desde a econômica até a geracional, passando por questões educacionais, de gênero, raciais, territoriais, digitais e de saúde. “Precisamos denunciar todas as formas de desigualdade que sustentam a exploração e enfraquecem a democracia”, declarou.
Outro ponto abordado foi a crise de identidade do sindicalismo, pressionado a se adaptar à lógica neoliberal, o que resulta na perda de sua essência de luta coletiva e na sindicatofobia, caracterizada pela aversão e criminalização dos sindicatos, gerando perseguição e deslegitimação midiática.
Reginaldo também mencionou a captura sindical sob governos de esquerda, onde dirigentes sindicais são cooptados pela lógica da governabilidade, caindo em um neopeleguismo que justifica apoio a reformas impopulares em nome de um projeto maior. “Isso mantém a subordinação dos interesses dos trabalhadores a agendas políticas externas”, criticou.
Outro desafio é o sindicalismo governista, que abdica de sua autonomia em prol de alianças políticas, transformando o movimento em um braço social do governo, e não em um instrumento de luta independente.
Por fim, José Reginaldo abordou a burocratização corporativa e a desigualdade sindical. Ele apontou que muitos sindicatos se tornaram aparelhos do Estado, com lideranças focadas em manter privilégios ao invés de mobilizar a base. A desigualdade entre as entidades patronais e laborais é abissal, com as primeiras recebendo R$ 26,2 bilhões em 2023, enquanto as segundas arrecadaram apenas R$ 19,8 milhões em 2024, evidenciando uma disparidade alarmante. “Essa desigualdade é estruturante e naturaliza a exploração, enfraquecendo a democracia”, concluiu.
#Cianorte #RioGrandeDoSul #SantaCatarina #Paraná #Rio de Janeiro
Adicionar comentário